Rss Feed
    Mostrando postagens com marcador Tema XXV - Chiclete. Mostrar todas as postagens
    Mostrando postagens com marcador Tema XXV - Chiclete. Mostrar todas as postagens
  1. “Porque eu?” a pergunta ressoou em minha mente várias vezes naquela manhã de segunda-feira. Segundas são dias aborrecidos.

    Sem trégua, meus pensamentos insistiam em trazer à tona questionamentos como “Porque não o cara do lado que, a meu ver, parece não se importar com essas situações desagradáveis que nos acometem logo cedo à caminho do trabalho?".

    O que poderia deixar um sujeito profundamente irritado e consternado, senão um domingo seguido de uma segunda? A impossibilidade de se vingar da alma abençoada que premeditadamente “esquece” um maldito chiclete grudado na cadeira do ônibus. É o tipo de acontecimento que irrita qualquer um.

    O chiclete grudado naquela quarta fileira de cadeiras, do lado esquerdo, perto da janela, estava reservado para o próximo idiota que haveria de escolher aquele lugar, ou seja, eu.

    O ônibus para e entro. Ainda com sono, desapercebido, procuro o primeiro assento, contente por ter a possibilidade de ir sentado.

    Sem saber que naquele exato momento teria início o tormento que me faria indagar para mim mesmo sobre os porquês daquela situação desagradável.

    Thomas Adams Jr ficou rico com a idéia de comercializar um confeito para ser mastigado e não engolido. Quisera eu engolir a raiva que estava sentido naquele momento. Olho para aquela coisa disforme grudada na calça: sem cor, mastigado, mascado até a exaustão.

    Imagino quem haveria mordido aquilo.

    Por ser um ecossistema complexo que possui centenas de bactérias, chego ao ponto de pensar que tipo de boca teria abrigado aquela goma de látex sem sabor?

    É impossível evitar a palavra NOJO.

    Respiro fundo. Tento manter o controle da situação. "Que mal há nisso?" Afinal, todo mundo já deve ter tido um chiclete grudado em algum lugar para chamar de seu.

    Pego o papel que encontro jogado dentro da pasta na tentativa de retirar a goma de mascar da calça. A operação não é um sucesso, mas consigo disfarçar um pouco o estrago causado pelo confeito.

    O ônibus continua o seu trajeto. Olho ao redor. Os passageiros todos aparentemente normais seguem para os seus compromissos.

    Uns dormem, outros leem alguma coisa ou simplesmente olham pela janela enquanto esperam o momento de chegarem aos seus destinos.

    Eu não me dou esse prazer. Poderia me deter na leitura da revista de automóveis reservada para o meu passeio matinal de ônibus, porém encontro-me envolto com o dilema do chiclete.

    Percebo que uma senhora me observa já há algum tempo. Sua maneira de olhar revela desconfiança para com a minha pessoa, sinto que me acha esquisito.

    Devo concordar, sou esquisito.

    Um sujeito com uma goma de mascar grudado na calça em plena segunda-feira é, no mínimo, exótico. Uma atração, eu diria. Já tinha platéia no ônibus.

    Sem muita paciência miro com olhos de desagrado a senhora que se ocupa com a vida alheia. Noto que ela desvia o olhar percebendo a minha impaciência.

    O ônibus para e entra um desses vendedores que costumam oferecer os mais variados itens dentro do ônibus: de mel de abelha a canetas. Uma verdadeira feira ambulante.

    Distraído, não observo quando o vendedor, um garoto com seus 15 anos de idade, se aproxima com uma caixa e pergunta: "Chiclé por um real, vai aí doutor?".

    Nesse momento, sinto que todas as entranhas de meu corpo se retraem. Olho para o jovem rapaz e emito um grunhido, quase inaudível. Nem eu entendi o que disse. Quanto ao rapaz, penso que entendeu, pois não o vi mais.

    A viagem continua e minha parada se aproxima. Levanto. Dou o sinal e percebo que a senhora continua a me observar.

    Sigo o seu olhar e vejo que se detém na marca nada discreta que se encontra em minha calça.

    Desafio o seu olhar. Confiante, ela diz: "Gelo. Coloque o gelo em um saco plástico e esfregue contra o chiclete".

    Envergonhado, agradeço. A porta abre, saio aliviado.

    "Segundas-feiras e chicletes até que combinam", penso eu.

    Olho para a marca em minha calça e continuo o meu caminho.
    Por Rê Lima

  2. XXV Desafio
    Tema: Chicletes
    Período para votação: 22/05 a 25/05

    Por Lyani

    Eles se olharam e sorriram. Não era a primeira vez, não seria a última. Ela usava aqueles tênis cor de laranja já meio gasto e a saia jeans nova que ele tinha demorado a aceitar. Ele segurou o pulso dela quando ela tentou passar por ele desapercebidamente. Ela riu antes que os lábios de ambos se encontrassem no beijo de todas as tardes. Ele sentiu o gosto familiar de melancia e também riu, depois. Ela tinha mania de mascar chicletes e carregava o pacote, sempre do mesmo sabor, na bolsa jeans cheia de buttons. Ele tinha mania dela. E desde então, todas as tardes tinham sabor de melancia.

  3. Por: Cris Costa

    Sofia corre pela escada, subindo vários degraus ao mesmo tempo. Ouve os passos que a seguem. Entre eles Beto seu ex-melhor amigo. Ainda naquela manhã ele trouxera um chiclete como fazia desde o dia em que começaram a trabalhar juntos. Era o último presente que acompanhava Sofia na fuga. Agora nem as feições lembrava o Beto de outrora, não mais. Todos emitem grunhidos e estão ensanguentados. Olhos sem vida, pele amarelada e deformada. São mortos vivos famintos, sem nenhuma consciência da antiga humanidade.

    Eles são ágeis. Outros cientistas estão vivos em outros setores, mas não há como chegar até eles. Sofia passa pela porta de aço do laboratório sete e a trava. Corre para o terraço e continua ouvindo os sons de seus perseguidores que tentam arrebentar a porta. Mastiga, mastiga, assopra...pow!!!. Ouve vidros quebrando. Sofia abre seu laptop e acessa os arquivos da pesquisa e os envia para seu supervisor na AZ. Tudo estava fora de controle e só havia uma saída para aquela situação – DESTRUIÇÃO TOTAL – antes que a infecção fugisse do centro de pesquisa. A imagem de uma cidade destruída vem a sua mente. “Credo!!! Não devia ter assistido Resident Evil, Madrugada dos Mortos e Extermínio tantas vezes..a culpa é da tv paga que reprisa tanto a programação para a infelicidade dos insones ”.

    Rapidamente entra no sistema de emergência e inicia o programa de autodestruição. CONFIRMA DESTRUIÇÃO – SIM / NÃO – “Droga! Siiiiiimmmm”. INSIRA SENHA - ********. Desde a época de graduação, em que aceitava participar de todos os tipos de pesquisa, nunca havia imaginado que um dia chegaria a esta situação. Explodir todo o prédio onde, durante cinco anos estava trabalhando na pesquisa do vírus “conceito”. Tinha trabalhado todo santo dia naquele projeto. Horas e zilhões de chicletes. “O chiclete não foi desperdício...foi a bolsa de estudos do filho do meu dentista”. Se tudo tivesse corrido como deveria, a pesquisa seria a nova e maior revolução. Toda a equipe já imaginava as entrevistas e capas de revistas. A cura de todas as doenças degenerativas. “Que horror! SERIA...Urgh!!! Como odeio o uso de verbos no passado”. Algo tinha dado errado. “Porque? Quanta estupidez...Quanto vale o show?”. CONFIRME SENHA - ********. Joga o chiclete fora. Allan era o culpado, não respeitou as normas de segurança, nem o Teorema de Pitágoras. “O Infeliz morreu tão rápido! Nem teve a chance de ver o inferno na terra”. Devia ter alterado a senha. Em situações de desespero, lembranças nunca são positivas. Sofia apreciava aquilo desde criança, mesmo o pediatra afirmando que o consumo demasiado causaria danos à dentição e desgaste ósseo. “Dane-se, Dr. Talento, nunca quis ser garota propaganda de creme dental...e iria usar aparelho de qualquer forma, mesmo!”. Menta, hortelã, morango, tutti-frutti, são tantos sabores, tantos prazeres. Doce, azedinho, refrescante e extremamente calmante. “Maldição! como queria outro chiclete agora...uma barra de chiclete sabor hortelã!!!..Mastigar, mastigar e fazer uma bola dupla...Ah!!! como queria”. ENTER. Inicia-se a contagem regressiva. 60...59...58...

    Uma luz forte atinge os olhos de Sofia, acompanhado de um som alto e forte vento. Algo é lançado. “Dra. Maia, entre no cesto”. Ela obedece. O helicóptero parte rapidamente.

    ...10...9...8...7...6...5...4...3...2...1...ZERO...BUM...BUMMM. Só sobra poeira. E lá se foi a unidade três da AZ pelos ares.

    A cidade mais próxima ficava a cento e cinqüenta quilômetros. Poucos ouviram a explosão. Ninguém nunca saberia a verdade. Um vazamento de gás. Não houve sobreviventes.

    O helicóptero pousa na sede da empresa. Dr. Orlando e seus volumosos cabelos grisalhos corre ao encontro de Sofia.

    - Sofia! Sofia! Que alívio vê-la com vida! Você está bem?
    - Não podia estar melhor... recebeu o arquivo completo?
    - Sim...completo. Não foi infectada? Não sei como conseguiu enviá-lo? Preciso da sua senha... – Orlando olha para Sofia - E Allan?
    - Não conseguiu...morreu logo na primeira explosão...não conseguiu isolar a área – olhou ao seu redor e voltou o olhar para Orlando - Eu sempre lhe disse que era um gênio... – disse Sofia com um sorriso nos lábios, olhar frio e malévolo - Eu afirmei na última reunião que o cálculo apresentado por ele estava errado. Vocês me ignoraram...E agora?
    - Fico feliz por você, Sofia – falou Orlando, expondo todos os dentes largos e muito brancos - Dra. Sofia Maia, seja bem vinda ao cargo de Diretora Geral do Núcleo de Pesquisas Genéticas da AZ...confesso que sempre apostei minhas fichas em Allan e em Roberto... você foi uma grata surpresa.
    - Não vai mostrar minha sala? Estou exausta e ainda há muito o que fazer...
    - Mas é claro minha pequena notável. Creio que um café irá cair muito bem...Qual a senha do arquivo, Sofia?
    - Calma! Tudo há seu tempo. Aliás... Passo o café, mas aceito um chiclete... Não tive tempo de salvar meu fusquinha.
    - Fusquinha?
    - Minha bomboniere em forma de fusquinha – respondeu Sofia indignada por Orlando não se lembrar do fusquinha sempre repleto de chicletes e balas – preciso de um novo...e não será nada mal se ele viesse explodindo de confeitos produzidos para serem mastigados até o final do sabor...
    - Ok! Vou fazer o possível. Você terá tudo que quiser. Reunião com a diretoria... amanhã às onze horas...eles estão surtando de alegria... querem assistir ao vídeo para entenderem o quanto foi rápido. Estão assustados e entusiasmados com os resultados... pelo visto já existe “alguém” interessado no projeto.

    Em sua nova sala, com uma bomboniere elegante em forma de taça abarrotada de chicletes (não tinham encontrado outro fusquinha), Sofia acessa os arquivos “conceito”. DESEJA ABRIR ESTE ARQUIVO – SIM / NÃO. “Droga! É claro que Siiiiiimmmm”. INSIRA SENHA - ********. CONFIRME SENHA - ********.

    Desembrulhou cuidadosamente o chiclete e levou-o até a boca. “Aaahh!Macio e saboroso...é assim que deve ser um chiclete.Pow!”




  4. por Medéia

    Tutti-frutti é o sabor,
    E na boca ela põe.
    A menina masca o chiclete, masca o chiclete, masca o chiclete...
    Em seguida ela assopra, ela assopra, ela assopra...
    PLOC
    Começa então tudo novamente,
    Até ficar sem sabor.
    São 15 anos são Quintana,
    e sem seus poemas alegres.
    O poeta canta seu imaginário,
    nas brancas nuvens celestes.

  5. Tema - 25º Desafio

    07/05/2009

    Caros leitores da IL, obrigada pelos votos!!! - Rê Lima

    E mais um um desafio vem aí.

    O tema desta rodada é: CHICLETE
    Prazo para postagem: 7/05 a 21/05
    Votação: 22/05 até 25/05

    Não deixem de participar!!