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  1. As Filhas

    22/09/2008

    por Medéia, a pecadora...

    No ínicio, Eve e Adam deram à luz sete lindas filhas. Até hoje não sei exatamente em que ordem as meninas nasceram, pois eram todas muito parecidas em tamanho. Sei apenas que Lux foi a primeira a nascer e Preggie foi a última. Entre elas estavam Sobbie, Guly, Ava, Invy e Ira.

    Sempre muito lindas as meninas brincavam nos campos ao redor da propriedade de seus pais. A mais velha delas, Lux, era de pele alvíssima, cabelos lisos e negros, olhos amendoados e boca de morango. Ninguém resistia aos seus encantos. Qualquer olhar que a menina desse conquistava e encantava qualquer pessoa. Quanto mais crescia, mais seduzia as pessoas ao seu redor. O que queria conseguia atraindo as pessoas com seu corpo e olhar.

    Ava era uma menina tímida, de olhos claros e cabelos castanhos. Tinha sérios problemas e relacionamento pois não sabia repartir nada, nem mesmo amizades.Tudo que ganhava guardava sob a cama em uma arca verde musgo com um enorme cadeado dourado. Não ligava para sua família, não tinha amigas e nem mesmo um animal de estimação. Com o passar do tempo isolava-se cada vez mais em seu quarto, admirando seus pertences dentro da arca.

    Invy era alta e magra, longos e escorridos cabelos loiros, olhos esverdeados brilhantes e boca rosada. Linda como Lux, mas completamente insatisfeita. Queria os cabelos escuros de sua irmã, sua boca vermelha e principalmente, queria saber cativar como Lux. Aonde Lux ia, Invy estava atrás.

    Cabelos loiros e olhos castanhos profundos era a marca de Guly. Seu corpo magro não denunciava seu apetite. E esta garota tinha uma disposição enorme para comidas e prazeres carnais. Uma brincadeira só, não a saciava; assim como nada a saciava. Era sempre a primeira chegar em qualquer atividade da casa e a última a sair (e mesmo assim brigando porque ainda queria mais). A única que conseguia lhe dobrar a vontade era sua ruiva irmã Ira.

    Ira a mais forte, a mais enérgica e a mais propensa a brigas. Onde quer que estivesse uma discussão, ela aparecia. Mas não para apaziguar e sim para pôr ainda mais lenha na fogueira. Seus olhos verdes pareciam faíscas e sua compleição forte indicava o quanto estava preparada para disputas físicas. Tinha problemas apenas em comer, pois muito pouco não lhe fazia mal.

    A última das irmãs a nascer, Preggie era doce e calma. O que Ira tinha de enérgica, Preggie tinha de inerte. Não ajudava nas tarefas domésticas pois dizia se cansar muito. Acordava já com o sol muito alto e a cama era seu local preferido. Não tinha atividades que lhe apetecessem além de não fazer nada. Durante a tarde, deitava-se na varanda indolentemente em uma rede ou nos largos bancos almofadados e se deixava ficar, sem dormir, ler ou até mesmo conversar. Apática, somente se dava bem com Ava, porque esta era tão isolada quanto ela mesma.

    E Sobbie... Sobbie era a mais angelical e pura criatura. Olhos doces e meigos, cabelos cacheados e de cor indefinida, corpo macio e pequeno. Parecia ser a mais jovem e a mais delicada. Mas atrás deste semblante suave escondia-se a mais perigosa das irmãs. Suas irmãs tinham seus próprios lugares para ir e ficar mas com certeza, onde Sobbie não estava, ali elas também não estariam. Suas irmãs nem mesmo o percebiam, mas quando a angélica garota se retirava de um lugar, as outras o faziam também sem demora, uma de cada vez.

    E Eve e Adam? Também tiveram outros filhos, mas falo sobre eles em outra história.


    Que atire a primeira pedra...

  2. Por: Cris Costa


    Dizem que na vida, sempre há um dia em que você é obrigado a assumir escolhas que serão fundamentais para o resto da Vida. Numa fria noite de outono, acordei tremendo e molhada de suor, urina e lágrimas. Eu tinha pavor do “bicho papão”, pois ele era real e muito mais cruel do que na fábula. Eu temia as noites, pois era quando o “bicho papão” me procurava. Naquela noite resolvi por um ponto final nos longos anos de angústia e sofrimento.

    Papai morreu quando eu tinha seis anos e meu irmão Edgard ainda não tinha completado cinco anos. Mamãe era muito jovem, e dois anos depois começou a namorar com Beto. Ele era um homem incrível: bonito, simpático, divertido, companheiro e rico. Ela me dizia que tínhamos tirado a sorte grande. Rapidamente conquistou o coração de Mamãe, com lindas jóias, viagens em família e tudo mais que uma mulher pode sonhar. Não vou negar que Beto era uma pessoa extremamente cativante. Mamãe e Beto, dois anos depois resolveram se casar e fomos todos morar na casa dele. Eu e Edgard passamos a acreditar em contos de fadas, pois passamos a ter tudo que era bom e desejado.

    Era noite, eu começava a cochilar quando senti que estava sendo acariciada. Quando abri meus olhos, vi Beto sentado em minha cama me acariciando e dizendo que me amava. Fiquei feliz com a atenção dispensada por ele, achando que realmente ele queria ser meu novo pai. Aos dez anos se acredita em quase tudo.

    Mamãe conheceu novas amigas, frequentava chás da tarde, clínicas de estética e adorava estar na coluna social. Seu melhor amigo era o dinheiro. Em contrapartida, Edgard descobriu que a comida era uma ótima companhia e começou a engordar, pois como Mamãe nunca estava em casa, ele comia um monte de “porcarias”, deitado em frente a TV ou sentado no computador. Como eu vivia questionando sua atitudes, Edgard passou a me ignorar.

    As visitas de Beto se tornaram constantes. Tão constantes que contei para Mamãe. Ela me acalmou afirmando que ele era um homem maravilhoso, que eu tinha muita sorte por encontrar um padrasto tão generoso e assim devia ser grata por tudo que ele proporcionava. Devia ser grata por tudo!.

    Um certo dia, Beto chegou no meio da tarde e me chamou ao seu escritório. Mandou que me sentasse em seu colo. Disse que eu devia ser uma “menininha boazinha”, pois ele era muito bom para minha família e que tudo poderia acabar se eu contasse para outras pessoas o que acontecia em casa. Neste dia ele tomou a liberdade de tirar minha blusa e tocou meus minúsculos seios. Na minha cabeça só ouvia a voz dele repetindo: “você deve ser uma menininha boazinha e não contar nada para ninguém, senão tudo o que sua mãe e Edgard gostam, vai acabar”. Então, fui uma menina boazinha naquela tarde e nas noites que se seguiram. Foram muitas noites.

    Mais noites se passaram até que Beto foi ao meu quarto e não se contentou em tirar somente a blusa do meu pijama. Naquela noite ele me deixou nua, tocou e beijou meu corpo. Ele dizia: “Meu Amor, eu te amo, você é uma menina muito boazinha. Não conte isto para ninguém, é o nosso segredinho”. Eu queria gritar, mas quem ouviria. Ele parecia ler meus pensamentos. “Meu Amor, se você gritar, todos vão achar que você é louca e mentirosa, pois eu não machucaria uma mosca sequer”, “Meu Amor, só faço isso porque te amo, viu!”. Eu sentia pavor e repulsa. Aos onze anos, compreendi que Beto não me amava como se eu fosse sua filha, naquela época não entendia o motivo pelo qual ele sentia tanto prazer em fazer aquilo comigo, mas somente sabia que aquilo não podia ser chamado de amor. Naquela noite chorei até que não houvessem mais lágrimas. Creio que a criança que existia morreu naquele instante.

    Eu não sabia em quem confiar, por isso liguei para Tia Bete, irmã mais velha de mamãe. Ela me levou para passear e questionei os acontecimentos como se fosse uma notícia da internet. Titia ficou horrorizada e disse que a criança devia contar para a mãe e denunciar aquele “monstro” na polícia. Segui o que ela sugeriu e procurei Mamãe naquela noite. Mamãe tinha acabado de chegar de um sarau e estava muito feliz. Relatei o que estava acontecendo. Ela deu um leve sorriso e pediu perdão por estar tão ausente, salientando que iria conversar com Beto para que isto não se repetisse. Após conversar com ele, Mamãe me repreendeu. Ela disse: “É muito feio acusar um inocente de coisa tão grave, principalmente alguém que te ama demais. É pecado. Sua atitude é extremamente egoísta e malvada, está se tornando uma menina mesquinha e mimada.”. Eu acreditei nela. E por fim, acabei pedindo desculpas.

    Duas horas depois ele estava novamente em meu quarto e depois de se satisfazer disse “Meu Amor, se você agir mal novamente, vou voltar toda minha atenção para o seu irmão Edgard. Você quer isso?”. Humilhada, desamparada, em lágrimas, implorei para que ele deixasse meu irmão em paz, prometi que seria uma boa menina e faria tudo o que ele quisesse. Naquela noite, ele rompeu com toda a minha inocência, despedaçou todos os meus sonhos.

    Depois que ele saiu, chorei muito, pois era a única coisa que podia fazer. Não tinha ninguém para me consolar, ninguém a quem pedir socorro. Todos admiravam Beto, quem iria acreditar numa garotinha mimada e ingrata?? Naquela noite chorei, não só pelo que aquele monstro havia feito comigo, mas por descobrir que a pessoa que eu mais amava não acreditava em mim, que ao invés de me proteger, me deixou sob os cuidados de um monstro – do verdadeiro “bicho papão”.

    Eu não entendia o motivo, mas, comecei a ir mal no colégio, já não conseguia dormir à noite e comecei a fazer “xixi” na cama. Até o Colégio observou minha mudança e chamou minha mãe. Ela, mais uma vez me repreendeu, dizendo que eu era egoísta e que estava fazendo tudo aquilo somente para chamar atenção. Pasmem...ela me disse que eu era ingrata, que queria vê-la na lama novamente, pobre, humilhada e sozinha. O dinheiro e o poder cegaram minha mãe. Ela não compreendeu meus sinais, eu implorava por ajuda, infelizmente ela só enxergava mesquinhez em minhas súplicas.

    Aos treze anos, era uma menina triste, e sinceramente acreditava que meus dias seriam assim para sempre. Quando estava quase perdendo as esperanças, Tia Bete veio ao meu socorro. Ela percebeu que eu estava muito deprimida e quis saber o que estava acontecendo. Relutei durante várias semanas. Sofri ameaças por parte de Beto e acreditem de minha própria mãe. Quando Beto após se satisfazer mais uma vez, falou: “Meu Amor, é melhor você ficar de quietinha, continue sendo uma boa menina, caso contrário vai acabar se machucando”, minha ira era tanta que pensei: "Quanto mais ele pode me machucar?". Naquela noite acordei tremendo e molhada de suor, urina e lágrimas. Decidi que era o fim. Estava na hora de por um ponto final naquela história e só dependia de mim. Finalmente, venci o medo e contei o que ocorria no conforto do que minha mãe chamava de doce lar; relatei tudo a que Beto me submetia. Enquanto contava minuciosamente tudo o que acontecia a mais de anos, lágrimas escorriam dos olhos de Tia Bete. De repente ela fez algo tão simples mas que naquele momento significou tanto. Ela me abraçou e chorou comigo. Fazia muito tempo que não me sentia tão protegida.

    Ela foi até minha casa, pegou algumas roupas e me levou para sua casa. Depois de uma discussão terrível por telefone, Bete convenceu Mamãe de que era melhor eu ficar em sua casa. Foi uma noite estranhamente calma e o “bicho papão” não veio me visitar. Na manhã seguinte minha Tia disse que eu devia denunciar Beto, caso contrário ele sairia ileso e continuaria a viver bem, podendo fazer outras vítimas. Só de imaginar outra menina passando pelo que passei, me fez vomitar. Era repugnante. Eu não podia me calar.

    Minha Tia conversou comigo, como ninguém antes havia conversado. Expôs a gravidade do caso e quais eram as minhas escolhas. Deixou claro que qual fosse minha escolha, ela ficaria ao meu lado e me protegeria. Explicou que não seria nada fácil, que seriam exigidos vários exames e acareações. Segui os conselhos dela e denunciei Beto. Provei que aquele exemplo de idoneidade, era na verdade um monstro. O processo não foi rápido, foi extremamente doloroso, e a recompensa nada prazerosa, somente apaziguadora. Minha mãe não ficou impune. Nas audiências Mamãe chorou, jurou que nada sabia, mas foi condenada por condescendência.

    Um dia, Mamãe olhou em meus olhos e me perguntou: “Porque você está fazendo tudo isto comigo?”. Uma lágrima escorreu de meus olhos. Foi a única resposta que consegui dar a ela. Não tive coragem de perguntar porque ela permitiu que ele fizesse tudo aquilo comigo, mas sinceramente não queria saber o porque.

    Aos quatorze anos, assumi uma escolha que definitivamente foi fundamental para o resto da Vida. Estou recomeçando a viver com minha Tia. Edgard está vivendo conosco. Recomeçar é difícil, confiar nas pessoas parece impossível. Bete diz que sou jovem e que aos poucos vou superando cada fase, mas como disse, é difícil recomeçar. Ainda não consegui perdoar minha mãe por me tornar tão insignificante. Muitos dizem que é pecado guardar rancor, se é pecado, não sei, afinal o que é pecado?



  3. Palavra proibida

    21/09/2008

    A verdade é que ela não entendia bem a relação que ele forçosamente
    queria fazê-la entender.
    Que diferença havia entre os dele e os dela?
    Só conseguia olhar para o dedo em riste que para ela apontava.
    Os demais dedos se voltavam para o seu acusador.
    Pouco lhe importava se é inveja, luxúria ou gula
    Se sete ou se mil
    Não lhe interessava rotulá-los.
    Não havia necessidade de serem revelados.
    Não dava importância às nomenclaturas.
    Mas ele insistia em identificá-los e dar-lhes nomes, um a um
    Aí residia o seu prazer: descobrir o que não está para ser descoberto
    Seria possível deixá-los quietos?
    Só para o interesse de sua dona?
    São meus, guardo-os somente para mim, pensava ela
    Que mania essa de tentar qualificá-los em gradações de importância!
    São todos iguais, meu querido.
    Tanto os meus quanto os seus
    E se havemos de pagar por isso
    Não aponte esse dedo para mim
    No final, cada um pagará a sua conta
    Levaria os dela dentro de si
    Não tinha a louca necessidade de ostentá-los como troféus
    E assim continuaria a viver sua vida entre os pobres mortais.

    Rê Lima

  4. Período de Votação: 23/08 a 25/08

    Por Lyani
    Inspirado no Mangá Angel Sanctuary de Kaori Yuki

    "Eu sinto saudades de você”, me permiti dizer outro dia, no meio de uma refeição solitária, à noite, em frente à TV. Disse baixinho, como se fosse um pecado... E era. Quem inventou o pecado? E por que justamente aquele sentimento sufocado em meu peito tinha que ser um pecado? Uma lágrima se soltou dos cílios pesados e eu não quis erguer a mão para enxugá-la, porque sabia que esse gesto só traria outras mais.

    Imóvel, com o coração latejante, permiti que sua presença invisível se apossasse de minha mente e de meu corpo. Simplesmente não pude impedir você, que mesmo estando tão longe e distante, surge tão forte. Sinto como se você segurasse minha mão vacilante, secasse a lágrima do meu rosto pálido com o polegar, me olhasse conhecendo-me como se estivesse dentro de mim. E eu mergulhando em seus olhos de mel, chá e biscoitos de leite, numa tarde resplandecente em que nada disso fosse, de fato, um pecado mortal.

    Imaginei seus braços rodeando meu corpo, puxando-me para mais perto, encostando nossos corações, já unidos pelas batidas ritmadas de culpa e de amor. E seus lábios encostariam displicentes em meu ombro, quando você deitasse seu rosto sobre ele. E seus cabelos de tons claros roçariam meu rosto, trazendo seu perfume para mais perto, me entorpecendo, me fazendo suspirar e escorregar mais para dentro do seu abraço. E eu desejaria que fosse mentira aquele pecado que nos aquecia a pele, e que não fossem reais aqueles laços que nos uniam de uma forma tão cruel: juntos para sempre, separados para sempre.

    Eu não tinha mais qualquer poder sobre meus pensamentos quando imaginei uma vida juntos, distante daquele mundo que nos condenava: uma casa singela, grama verde, flores e, quem sabe, duas crianças correndo pela casa, com seus risos ecoando entres os lindos raios de sol adentrando a janela. Você, sentado no sofá com aquele sorriso todo seu, me puxaria para seu colo e encostaria seus lábios macios nos meus, num beijo sem culpa, sem peso, sem dor. Só o amor nos cercando por todos os lados.

    Mas então, quando dei por mim, era tarde demais para amainar a dor. Me vi sozinha na sala, de novo, o rosto molhado de lágrimas, o coração repleto de vazio, medo e culpa. Onde você está nesse momento? Será que pensa em mim também? Essa distância e ausência doí tanto, como se uma parte de mim tivesse sido levada pra longe.

    Num impulso, levantei-me, revoltada contra aquele mundo hipócrita e cheio de imposições. Não me lembrei do prato no colo e o vidro estilhaçou no chão em trezentos e trinta e sete pedaços. Em trezentos e trinta e sete pedaços também estava o meu coração. Abaixei para recolher os cacos, cortando-me acidentalmente. Fiquei imóvel, observando o sangue escorrer por minha mão e pingar no chão claro da sala. Aquela comunhão entre plaquetas, glóbulos vermelhos e brancos que desde sempre designaram meu destino, minha sentença cruel.

    Aquele mesmo sangue, idêntico, que corre por suas veias também. Esse é o meu pecado mortal: o amor. E por isso doí tanto. Como o amor pode ser um pecado? E é. Isso nunca mudará, como jamais mudará a composição de meu sangue, como jamais mudará o meu amor por você, o meu irmão.

  5. DESAFIO XII

    08/09/2008

    Photo Wood


    O tema é: Pecados
    Prazo para Postagem: 08-09-2008 a 22-09-2008
    Período de Votação: 23-09-2008 a 25-09-2008


    "No intímo dos humanos e independente da cultura a que pertença, existe necessidade de estabelecer princípios de ética e normas de moral. Quando se viola a consciência moral pessoal, surge o sentimento de culpa." (Wikipédia)


    Qual é a SUA culpa? Qual é o SEU pecado?