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  1. Celebração

    18/12/2008

    Dezembro.
    Hoje, dezoito
    Setes dias faltam
    Para a celebração dezembrina
    Pronta a fantasia
    Festejam a comida farta posta à mesa.
    As tristezas esquecidas
    Em pouco tempo, dar-se-à lugar a alegria e a felicidade
    Mesmo que por um breve lampejo de horas
    Livres das preocupações mortais que aprisionam a alma
    Comemoram sem saber o que se comemora
    Época para compadecer-se da miséria alheia
    Afinal, tudo passa. Sempre passa.
    Luzes que brilham em contraste com a escuridão da alma humana
    Ó vinde e exaltai com júbilo o maior espetáculo da terra
    A estrela ainda reluz como ouro na vitrine
    Belo colar cravejado de diamantes
    E exposto como mercadoria
    Um pequeno presépio para dar sentido ao ritual natalino
    No balcão, alguém pede para embrulhá-lho
    Em um lindo pacote com laço de fita vermelha
    Abraços, sorrisos, beijos
    Presentes
    Como em todos os anos
    Um Natal sem igual
    Feliz Noite !
    Paz na Terra!
    Boa vontade entre os homens!
    Um brinde a alegria!

    Por Rê Lima

  2. XVII Desafio
    Tema: Dezembro
    Período para votação: 19 a 21 de Dezembro

    Por Lyani

    De alguma forma aquela agitação nas ruas, nos correios, nas lojas, desenhavam um pequeno sorriso no canto de seus lábios. Havia um brilho a mais em seus olhos, e eram as pequenas luzes nas árvores, sacadas, janelas, que piscavam incessantes. A data ainda estava longe, mas parece que a alegria daquele momento, embora errônea e fora de foco, já começava a inspirar as pessoas desde os primeiros dias de dezembro. Podia até dizer ─ e dizia ─ que não gostava muito daquela época, mas no fundo, apesar daquela tristeza que dezembro sempre trazia, gostava da cidade enfeitada, das luzes piscando, do clima ameno e familiar, das ruas abarrotadas, do trânsito. De um modo inexplicável aquela magia, que tantos diziam existir, também a contaminava.

    Aprendeu muito cedo a não acreditar em Papai Noel, e muito cedo perdeu grande parte da magia que aquele mês porporcionava. Depois, com o tempo, foi entendendo a realidade daquela época, o capitalismo, as vendas, as festas que não tinham em momento algum o intuito de lembrar ou celebrar o real motivo de tornar dezembro um mês especial. Sem contar a canseira do ano todo de trabalho, as contas se acumulando, o 13º usado pra comprar presentes e pagar as contas e um pouquinho para ajudar no IPVA e IPTU e outras tantas em janeiro. Contas ótimas para dar as boas vindas ao novo ano. E tudo isso aliado ao fato de ser o mês em que efetivamente inicia-se o Verão.

    Ah, o terror do Verão. Ao contrário de muitos, nunca gostou dessa estação extremamente intensa e calorosa. Gostava muito mais do inverno, embora sua estação preferida fosse o Outono. Mas ainda assim, dezembro lhe trazia um sorriso tímido aos lábios e lembranças doces. Aquele bolo de carne moída de sua avó feito apenas para o almoço do dia 25, a árvore de Natal tirada daquela caixa em baixo da cama e montada entre carinhos e risadas, o stress das luzes que depois de colocadas nas janelas não funcionam, o sentimento de final de ano e tarefa cumprida, os amigos secretos e suas surpresas, o farfalhar dos embrulhos de presente, as cores verde e vermelho que se sobressaem em tudo.

    Dezembro, um mês de sentimentos contraditórios; um mês como todos os outros e no entanto, Dezembro.



  3. Sol quente em dezembro no Rio de Janeiro. O grito da pequena menina do nariz arrebitado ao nascer ecoa na Santa Casa de Misericórdia. Sua mãe, pouco mais que uma menina, chora emocionada enquanto seu pai corre a contar aos parentes o nascimento de sua primogênita.

    Com seus cachinhos dourados e sua pele clara, era uma pequena alemãzinha entre os nativos da Cidade Maravilhosa. Muito sapeca e tagarela sempre demonstrou aptidão para as letras e os números. Desde muito jovem destacou-se escrevendo e fazendo contas.

    Gostava do Sítio do Pica Pau Amarelo, gostava de brincar dentro de armários e adorava viajar para o Rio Grande do Sul, na casa da sua avó. Aprendera com seu pai a paixão pelo Flamengo. Não gostava muito de praia, mas o que ela gostava mesmo era do seu mês. Do mês em que fazia aniversário: dezembro.

    A viagem antes do Natal para a casa da avó iniciava suas pequenas alegrias de dezembro. Encontrar as primas, brincar no milharal e procurar os presentes de Natal escondidos (ela nunca tinha certeza se o tal Papai Noel existia ou não). A mágica noite de Natal reunia todos os parentes para comer, cantar e celebrar. E, é claro, esperar o bom velhinho que chegava perto da meia-noite, com um saco gigante de presentes (os mesmos que ela já havia descoberto no forro da casa da avó e ainda assim achava que Papai Noel havia escondido).

    E o dia seguinte? Correr de casa em casa, desejando Feliz Natal e esperando os “pacotinhos” (cestinhos com doces e pequenos mimos que as outras vovós da rua davam às crianças). Olhar os gigantescos “Tannenbauns” enfeitados com delicadas bolas coloridas e pequenos ícones natalinos. Deliciar-se com o enorme presépio na casa da madrinha feito com grama de verdade, laguinho artificial e delicados bonecos e bichinhos de gesso que se reuniam ao redor de uma manjedoura de palha (de palha mesmo!) vendo o bebê Jesus. E então planejar sua festa: o seu aniversário.

    Sempre temáticos, com temas variando desde Verão até Futebol, a pimentinha convidava todas as crianças da rua para cantar os parabéns, comer doces e salgados, mas principalmente trazer presentes. Verão torrando de quente, brincadeiras no gramado da avó, e piscina de mil litros para apaziguar o calor.

    Passar os dias brincando, correndo, pulando, subindo em árvores e cavando na areia. Para a tardinha tomar banho, colocar roupa limpa e comer melancia gelada sentada no muro. Como era boa a sua infância.

    A menina cresceu e, depois de muito ir e vir, mudou-se de vez para a terra da sua mãe. Tornou-se gaúcha de coração, formou-se e transformou-se em educadora: lecionando sua paixão, computadores, para alunos de curso técnico. E o mês de Dezembro passou a ser uma época menos alegre.

    Finais de ano em escolas costumam ser um caos. Afogada na burocracia em forma de papéis, ela sempre espera o Natal chegar para iniciar a época mágica novamente. Mas a cada ano que passa a mágica diminui e os papéis aumentam. A quantidade de trabalho que há nesta época rivaliza apenas com a quantidade de trabalho do próprio Papai Noel. Ele, ao menos, pode se divertir indo de trenó a todas as partes do mundo, enquanto ela fica em frente a uma mesa ou ao computador, corrigindo provas e fechando notas e diários de classe.

    Cada novo Natal, antes do seu aniversário, se torna um pouco mais triste, pois a cada ano menos pessoas estão ali reunidas. Menos alegria, menos crianças, menos presentes e cantorias. Nem mesmo um Papai Noel é esperado à meia-noite. Apenas um beijo cálido em seu companheiro, um abraço forte em seus familiares e algum champanhe para comemorar, junto é claro com a boa comida da mãe.

    Mas a esperança ainda está no coração daquela que um dia foi uma pequena garotinha de cachos loiros e nariz arrebitado. Quem sabe no próximo Dezembro uma outra garotinha esteja com ela para reavivar a chama e a magia que Dezembro sempre lhe trouxe. Afinal através da infância, a magia e a esperança podem renascer no coração das pessoas.

    Feliz Natal a todos e um maravilhoso e mágico final de Dezembro!

  4. Por: Cris Costa

    Claire, observa o próprio reflexo no espelho da penteadeira e sorriu. “O tempo foi gentil comigo”. Escovou os cabelos loiros, e completou a maquiagem com um batom de leve dourado. Dezembro sempre a deixava feliz. Naquele dia, ela estava tão feliz que não cabia mais em si. Olhou para a foto pregada no espelho e o belo jovem moreno parecia lhe sorrir de volta.

    Mesmo depois de tantos contratempos, o telefonema daquela tarde tinha lhe tirado da mesmice, do fundo do poço em que se encontrava desde a partida de Luca. Ele a havia convencido a adotar uma criança e estavam na lista de espera. Ela nunca entendeu a obsessão dele em adotar uma criança, se ambos podiam conceber sua própria. Devido a insistência, Claire acabou cedendo. Luca, queria uma criança, não importando a idade, o que aumentava suas chances, pois neste país a grande maioria dos interessados na adoção querem bebês. Com a morte de Luca, ela tinha se esquecido totalmente dos planos que outrora tiveram. Quando atendeu o telefone e a assistente social disse: “Parabéns, chegou o grande momento, quando podemos ir até o abrigo e comunicar a ele que tudo deu certo?”. Claire teve ímpeto de desligar o telefone na cara da “doida” que estava no outro lado da linha, mas conseguiu se controlar e pediu mais explicações. Em seguida, conseguindo manter-se um pouco calma, informou a assistente social da morte do marido.

    Era início de dezembro e era somente o que faltava para encerrar o ano com chave de ouro. Após vários meses vivendo na escuridão, sentindo mais pena de si mesma do que deveria, decidiu que estava na hora de voltar ao mundo real. Olhou para a foto de Luca na mesinha de cabeceira, que sorria como sempre, “Maldito seja!”, e teve certeza que lhe devia isto. Devia viver para que tudo que passaram juntos tivesse realmente valido a pena. Um infarto tinha tirado de forma fulminante Luca de sua vida, e agora era hora dela voltar à vida.

    Tinha formação em Artes Plásticas e antes da morte do marido trabalhava em uma agência de publicidade. Foi demitida pois não voltou mais ao trabalho. Ligou o computador e iniciou a jornada de envio de currículos e busca de oportunidades nos meios especializados. Depois de horas de busca, ao contrário do que acontece nos filmes, ela continuava 100% viúva, 100% desempregada e 100% com pena de si mesma. No fim da tarde resolveu ligar para a assistente social e comunicar sua desistência. “Pense bem, vocês queriam tanto. O fato de estar viúva não vai modificar o processo legal. Vocês sempre preencheram os requisitos, se desistir agora, não terá outra chance”. Sem ânimo para tentar ser compreendida, concordou com tudo que a assistente social disse e no final marcaram o encontro para o dia seguinte no abrigo onde estava a criança.

    Numa imensidão de crianças de todas as idades, Claire sentia cada olhar perfurar-lhe a pele e atingir seu coração. Todos clamavam silenciosamente por uma chance de ser escolhida e amada. Quando pensava em sair correndo e enterrar-se novamente em sua cama, ouviu a assistente social chamar seu nome. Tinha nos braços um menino de pele morena, cabelos negros e olhos muito escuros. Em nada lembrava o seu doce Luca, que era tão claro como as manhãs de verão. Olhou a sua volta e não tinha onde se esconder. O garoto aparentava ter uns quatro anos de idade. A assistente social sem notar o pânico de Claire, foi logo passando o menino para seus braços. “Este é o intrépido Gustavo”. Bonitinho ele era, mas como adotá-lo, sem marido, sem emprego, sem amor próprio e sem destino. Claire ia dizer algo, só que a assistente social foi mais rápida novamente. “Ele é uma criança doce e amorosa. Fico feliz em saber que agora ele terá um lar e será amado”. Lar??? Feliz??? Amado???. “Quem escolheu este menino?”. Claire tinha perdido alguma informação no caminho. Sequer tinha dito uma palavra, muito menos aceitado a criança, e a assistente já estava imaginando um lar feliz, com uma plaquinha no jardim com os dizeres “Aqui vive uma família feliz”. Seu estômago estava revirando. O garoto olhava fixamente em seus olhos, como se implorando por uma chance. Naquele momento, a assistente respondeu que Luca tinha ido várias vezes ao abrigo e simpatizado especialmente com Gustavo. Claire imaginou que se Luca estivesse ali, naquele instante, seria atingido por um forte chute entre as pernas dele, chute certeiro. Ele teria uma lição e nunca mais se esqueceria. Só que retornando a realidade não tinha nenhum Luca por perto para salvar-lhe. Mais tímida do que Luca, Claire finalmente conseguiu dizer ”Gustavo do que você gosta?”. Lentamente o menino começou a sorrir e respondeu “piiiii piiiiiiiiii piiiiiixina”. Arregalando os olhos a ponto das órbitas saltarem, falou: “O que ele disse?”. A assistente deu uma gargalhada e respondeu “Piscina. Não fique assustada mamãe, logo, logo, entenderá tudinho que ele falar. Apesar de Gustavo ter quase oito anos, seu desenvolvimento está um pouco atrasado, e essa gagueira falsa logo desaparecerá. Nada que não se possa resolver”. Um segundo depois Claire dirigia para casa com o menino no banco de trás. “Você me paga Luca! Por essa você me paga!”. “Maldita assistente social, que fala como uma matraca louca, também me enrolou direitinho!!! O mundo inteiro está conspirando contra mim...”.

    Sem soltar das mãos de Claire, Gustavo olhava encantado para cada cômodo da pequena casa. Jantou sorrindo para a bela loira de olhos azuis que sequer tocara em sua comida. Apesar de não querer dormir com medo de que tudo fosse um sonho e que ao acordar estivesse de novo no abrigo, Gustavo não foi tão forte quanto seu sono e dormiu. Em contrapartida Claire, não conseguia fechar os olhos, não acreditando na loucura que acabara de cometer levando para sua casa aquele garotinho que segundo a própria assistente social iria necessitar de cuidados especiais. Ela não tinha sequer emprego, como poderia sustentar o menino.

    Com o sono agitado, Gustavo acabou fazendo xixi na cama. Quando acordou todo molhado entrou em pânico, e começou a chorar. Claire que acabara de pegar no sono, acordou desesperada e correu para o quarto do menino, que repetia a mesma fala enrolada e conforme mais nervoso ele ficava mais impossível era de se entender. “Gustavo não faz mal...a gente lava tudo isso e a noite vai estar tudo limpinho e cheirosinho de novo para você!”. Ela o corregou até o banheiro e deu um rápido banho. Pegou uma troca de roupas na mochila que o abrigo lhe entregou e o levou para seu quarto. Sem saber o que fazer, visto que o menino ainda estava “grudado” nela, deitou com ele na cama e começou a contar sobre ela e Luca. Ambos adormeceram. Quando Claire acordou, Gustavo ainda estava abraçado com ela. Como explicar para o menino que ela não tinha condições de criá-lo. Como poderia ela aos vinte e quatro anos criar uma criança sozinha. “Luca você ainda me paga por essa!”.

    As semanas passaram rapidamente, muitos amigos foram visitar Claire e Gustavo. A mãe de Claire tinha comprado roupas novas para o menino. Allan, irmão de Luca comprou carrinhos para o novo “sobrinho” e até se ofereceu para ser o padrinho do garoto. Davi, melhor amigo de Claire, levou vários jogos e depois os levou para jantar. Enfim, Gustavo estava se adaptando muito bem no novo lar. Quando a assistente social foi visitá-lo ficou muito satisfeita. Claire, enquanto ouvia os elogios da assistente social pensava “Porque ela não pergunta se o lar está se adaptando à ele?”. “Gustavo, isso! Gustavo aquilo! É somente no Gustavo que ela pensa???”. A assistente deixou o telefone da psicóloga e da fonoaudióloga para que ela iniciasse um acompanhamento para maiores progressos com Gustavo. O garoto começava a se sentir à vontade na casa e por incrível que pareça, Claire já entendia tudo o que ele falava. Gustavo começou a ir na escola. Davi lhe presenteou com um violão e uma bola, pois jurava que o menino seria um orgulho para ele e para Claire. “Gu, você vai ser um grande...seja lá o que queira ser, mas será grande”. “Davi, um dia ainda vou quebrar esse violão na sua cabeça”, disse quando o menino ficou “tocando” violão. “Claire, pense positivo, poderia ser uma bateria!”, respondeu Davi.

    Quando Claire, caiu na real já estava assinando os documentos da adoção. Neste dia, depois que assinou os papéis, pensou em largar Gustavo com a assistente social e fugir do país. Mas mudou de idéia no mesmo instante. Não tinha dinheiro para a passagem, as economias estavam acabando. “Luca, você me paga!!!!! Olha a encrenca em que me meteu”, pensou assim que entrou no carro. Infelizmente ela tinha pensado em voz alta e se arrependeu ao ver os olhos escuros de Gustavo lacrimejando. O menino não falou mais uma palavra no caminho de volta para casa e quase não interagiu com Davi no jantar na rede de fast food, lugar escolhido a dedo pelo garoto anteriormente para comemorar o grande dia. Depois de longa insistência de Davi, Gustavo confessou que gostaria de voltar ao abrigo, porque Claire não o queria. Quando Gustavo finalmente adormeceu, Davi resolveu conversar com Claire. A conversa virou uma grande discussão, e Davi foi praticamente expulso da casa. Uma hora depois, Davi implorava por perdão ao telefone, mesmo sabendo que estava certo. Claire não queria mais ouvir comentários de que era muito fria para com Gustavo, que ele era um menino ótimo e que era seu filho. Odiava quando falavam: “Se ele fosse filho legítimo de Luca, não seria tão parecido quanto é!”.

    Desde o fatídico dia da adoção, o relacionamento entre ela e Gustavo tinha sofrido uma queda e o estado de tristeza do garoto era visível. Foi chamada ao colégio três vezes pelo mal comportamento de Gustavo. “Esse garoto promete ser meu carma...vai me dar muita dor de cabeça ainda!!! Luca você me paga”. A diretora pediu que ela conversasse com o filho, pois ele estava passando por um momento difícil, de grande transição. “Porque ninguém sente pena de mim??? Sempre Gustavo, Gustavo!!!”.

    Ela começou a trabalhar para uma empresa voltada para a internet e isso lhe foi muito bom, pois trabalhava em casa. Gustavo passava horas brincando sozinho em seu quarto e só demonstrava alegria quando Davi vinha visitá-los. Os meses passaram depressa.

    Num sábado, Claire acordou pela manhã e preparou o café. Sentia que precisava estreitar o relacionamento com o garoto, afinal era seu filho e não tinha mais como fugir dessa realidade. Planejou levá-lo ao parque. Iria ligar para Davi e convidá-lo também. Quando foi até o quarto de Gustavo, a xícara de café caiu de sua mão. O quarto estava vazio. A cama arrumada. Tudo em seu devido lugar. O desespero tomou conta de todo seu ser. Ela chamava por Gustavo, mas ele não respondia. Saiu pela rua e perguntou aos vizinhos se tinham visto o menino, mas nada.
    Ligou para Davi e para a mãe, desesperada. Voltou para casa correndo e ligou para a polícia. Precisava esperar vinte e quatro horas para comunicar o desaparecimento do menino. “Que espécie de mãe eu sou???”.

    Essa pergunta arrebatou seu coração e pela primeira vez pensou o quanto tinha decepcionado Luca e Gustavo, sendo uma mãe tão egoísta e relapsa. “Eu sou mãe dele e ele nem me chama de mãe!”. Ela tinha muita sorte em ter encontrado Gustavo, e sim, ela sempre o quis desde o primeiro dia em que o viu no abrigo. “Como pude ser tão cega??? Eu sempre te amei Gustavo!!! Só não queria admitir isso!”. As lágrimas romperam e nesse momento a porta da cozinha se abriu e Gustavo entrou com um pacote na mão. Claire correu ao seu encontro e o abraçou como nunca havia feito antes. Ele retribuiu o abraço e disse sorrindo: “Mãe, você está amassando nossos bolinhos”. Gustavo queria surpreender Claire e tinha saído para comprar bolinhos fresquinhos para o café da manhã. Todas as dúvidas e inseguranças se dissiparam naquele instante. Claire viu o brilho dos olhos de Luca nos olhos de Gustavo. Eles eram uma família e nada mais podia separa-los.

    O Natal estava próximo, Gustavo estava radiante. Era seu primeiro Natal em família. Claire convidou a mãe e Davi para juntos montarem a árvore de Natal. Quando Gustavo pensou que não podia desejar mais nada, Claire apareceu com uma caixa e entregou ao filho. Depois de abrir e conhecer seu conteúdo, ele correu para abraçá-la. Com todo orgulho do mundo, Gustavo pendurou na árvore uma linda bola, onde estava gravado seu nome em um coração.

    Gustavo era tudo o que ela desejara em um filho e o amava mais do que tudo.

    “Mamãe, você está uma gata!”. A voz grave, a trouxe de volta à realidade. O belo jovem moreno estava parado na porta, admirando e sorrindo. Caminhou devagar e pousou um beijo na face da mãe. “Está pronta?”. Ela sorriu e o beijou de volta. “Claro que estou Dr. Gustavo”.

    Era a formatura de Gustavo em medicina. Claire, aceitou o braço do filho. “Hoje o Davi te pede em casamento!!!!”. Claire fingiu uma careta. “Mas que atrevimento...ainda posso te dar umas palmadas!!!”. “Acho que vocês já esperaram demais!”. Ambos gargalharam e ao olhar novamente para o filho, Claire viu que sua vida não podia ser mais perfeita. Era dezembro novamente e seu maior presente estava ali.



  5. 17º DESAFIO

    09/12/2008

    Pensei, pensei, pensei e enfim, o tema do 17 º Desafio será:

    DEZEMBRO

    Prazo para postagem: 09/12 a 18/12
    Periodo de votação: 19/12 a 21/12

    Por dezembros atravesso
    Oceanos e desertos
    ( Fagner )