Por: Cris Costa
Era um sábado de primavera e quando as portas se abriram e a marcha nupcial inicial, me senti como em um filme de Hollywood. A decoração da igreja estava fantástica, as pessoas me olhavam como se eu fosse uma rainha. E Parker estava simplesmente perfeito de fraquete. Até parece que foi ontem. Ainda posso sentir o frio na barriga.
Era um sábado de primavera e quando as portas se abriram e a marcha nupcial inicial, me senti como em um filme de Hollywood. A decoração da igreja estava fantástica, as pessoas me olhavam como se eu fosse uma rainha. E Parker estava simplesmente perfeito de fraquete. Até parece que foi ontem. Ainda posso sentir o frio na barriga.
Fomos comemorar nosso primeiro aniversário em Bali, uma viagem incrível, a lua de mel dos sonhos. Dez dias de puro prazer e amor. Gostaria que aqueles dias nunca tivessem acabado.
Apesar de o trabalho exigir muito de Parker, normalmente ele chegava para o jantar e sempre me elogiava – “Nossa! Você está demais de azul!”; “Que delícia, você mudou a receita?”, “Você emagreceu?”; “Cortou o cabelo!” – ele observava tudo, pequenos detalhes não passavam despercebidos, ele me fazia sentir incrível.
Contra a vontade de Parker, voltei a lecionar artes para crianças. Ele dizia que ganhava o suficiente para sustentar a família, mas eu precisava voltar a ser útil. No início acompanhar minha querida sogra em cafés, yoga e tardes no shopping era divertido, mas com o passar dos dias, passou a ser irritante e contra produtivo.
Mais um ano passou voando e comemoramos nosso segundo aniversário em família, num jantar tranquilo, regado a muito vinho. Ganhei um lindo “Rolex” e uma noite quente, onde os botões da minha blusa de seda descobriram o efeito da gravidade e só foram encontrados pela empregada no dia seguinte.
Parker herdou a empresa do pai e ela estava em plena expansão. Ele passou a ser citado em revistas da área como modelo de empreendedor. Com isso, ele passou a viajar mais e a chegar mais tarde em casa.
Ele estava no Chile em nosso terceiro aniversário. Resolvi fazer uma surpresa e fui para lá. Acabei mofando no quarto do hotel e somente nos encontramos bem à noite. Tivemos uma noite de amor morna e na manhã seguinte voltei para casa. Ele não teve tempo para comprar um presente.
Passei a ser um fantasma. Podia usar azul, amarelo com roxo e até nada, pois ele parecia não me enxergar. Pintei meus longos e sedosos cabelos loiros de vermelho cereja e adivinhe...Nada! Nenhum mísero comentário. Esperava que Parker me dissesse o quanto estava ridícula aquela cor. Nada!
Preferia que ele num acesso de loucura pegasse a máquina de cortar cabelos e passasse na minha cabeça ou mergulhasse a minha cabeça num balde de água oxigenada, ficar careca ou descolorada era melhor do que não receber nada. Enfim, Parker não fez nenhum comentário sobre a minha mudança de visual, creio que ele nem tenha notado.
Passei há malhar três horas por dia na academia, a preparar somente seus pratos favoritos e a comprar roupas sensuais. Nada!
Nosso casamento passou a me lembrar a cor cinza. Sem nenhuma expressão. Durante as relações sexuais passei a observar que precisava mudar a pintura das paredes do quarto, que a luz do jardim estava acesa. Aliás, eu precisava quase implorar por sexo. Ele dizia estar sempre cansado, exausto, morto. Tenho certeza que ele consultava o dicionário, pois cada dia ele usava um termo que expressasse sua recusa.
Não estava mais aguentando aquela situação. Eu queria que as cores e o brilho de outrora voltassem à minha vida, mas Parker não estava mais permitindo isso.
Segui os conselhos das minhas amigas: usei rendas, velas, morangos e tudo mais que puder imaginar, eu fiz. O que garanto é quando um não quer, dois não fazem. Era como se eu não existisse mais.
Se você soubesse exatamente o que iria te acontecer amanhã, você alteraria o seu destino? Pois te afirmo que se tivesse esse poder, com certeza voltaria e faria tudo diferente.
Na quinta-feira, comprei todos os ingredientes para a salada caeser que Parker tanto gostava. Arrumei a mesa de forma especial, acendi as velas e decorei com um belo arranjo de lírios brancos, afinal era o nosso quarto aniversário de casamento.
Ele passou por mim e nada disse. Foi ao escritório e ficou ao telefone por mais de uma hora. Piquei todos os ingredientes e fiz o molho. Quando estava montando a salada ele chegou à cozinha. Olhou com desdém para a decoração que com tanto amor havia feito e veio em minha direção.
“Não vai tomates na salad caeser, esqueceu como é a receita?”
Olhei para a salada e para os pequenos tomatinhos bem fatiados. Não sei o que aconteceu depois disso. Eu queria chorar, queria gritar. Quando retornei, estava sobre ele com a faca na mão. Havia sangue para todo lado. Dava para notar os inúmeros cortes em seu pescoço e em seu peito.
“O que foi que eu fiz?”
“Ai que Droga!!!! estraguei toda fórmica da cozinha! Como vou limpar tudo isso?”
E assim, consegui eliminar o cinza que me perseguia e transformei tudo em vermelho.
Por isso, agora mais tranquila, afirmo que se soubesse exatamente o que iria fazer por causa de seis tomatinhos, com certeza, não os teria comprado.
wow! curti o tempero!
Cris, nada no mundo me faria imaginar o desfecho...inacreditável e hábil. Sabe, imaginei-a fazendo esse relato de ré confessa para o delegado. Nooosa, sensacional!
Beijos
Vivi
Nunca esperei esse final e o último paragráfo então... me deixou de queixo caido... imaginava que ela iria deixa-lo, qualquer coisa do genêro...
Surpreendente... gostei muito do estilo, meu parabéns!!
Beijos
Nosssa O.o
Fiquei realmente supresa com o final... nossa!
Muito bem Cris... parabéns :D
bjos
DEZ DEZ DEZ!
Não posso dizer mais nada, Cris!
Este texto é bem o meu gênero.
AMEI
Uau, fiquei boquiaberta tb rsrs
Gostei do trocadilho das cores e o texto merece continuação...
Parabéns pela audácia e estilo.
Nossa que final hien, aterrorizante, se um dia meus dias ficarem cinzas,vou parar de comprar tomate...rsrs....brincadeirinha...adorei ficou surpreendente...bjokas Elis
UAU!!!
Quantas mulheres por aí devem ter o mesmo desejo?!?!?! rsrsr
Surpreendente!!!
Beijos!