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  1. ÓSCULO MORTAL

    08/10/2009


    Sabia ser o seu último momento de satisfação e plena alegria. Como a criança que deseja parar o tempo para poder brincar mais um segundo no parque de diversões. Poderia assim descrever a ansiedade que tomava conta do seu corpo.

    Ou talvez não soubesse relatar com precisão que estranha sensação era essa que se apoderava da sua pessoa sem que pudesse oferecer alguma resistência.

    E assim, jogou-se de corpo e alma em uma estrada escura e sem volta. Não sentia medo. Apenas ansiava por encontrá-la.

    A necessidade não satisfeita de descobrir o que estava no fim da trajetória a impelia a seguir adiante.

    Refugada a aparente sensatez, permitia-se aplacar o sentimento de culpa que se apoderava dos seus pensamentos, lembrando-lhe a todo o momento do que deixaria para trás.

    A estrada não tinha volta.

    Subitamente, pressentiu que ela havia chegado. Um calafrio percorreu toda sua espinha.

    A boca seca. Frio no estômago.

    Um sorriso, disfarçado, brotou em seus lábios.

    O último suspiro.

    Com um beijo ela lhe ceifou a vida.

    Fechou os olhos e adormeceu. Eternamente.

    Por Rê Lima

  2. 1 comentários:

    1. Vivi disse...

      Gostei da construção textual desse beijo metáforico. Talvez a vida fosse muito doce para a boca amarga que escolhe se encontrar com a morte. Legal você não ter esvaído para o tom dramático. Ficou tudo muito leve como um beijo-maçã...aquele de bitoquinhas...rs

      Beijos