Os olhos. Estariam abertos ou fechados? Não era possível identificar. Parecia dormir acordado. A rua era o seu quarto.
Dali, do seu canto, enxergava o mundo: um aquário no qual observava as feras que se digladiavam por conta de comida.
Debaixo de um viaduto qualquer guardava objetos que lhe eram caros.
O seu preferido? A última bolacha do pacote (aquelas com as carinhas sorridentes). A única que havia sobrado. Gostava dela, era sua amiga predileta. Tinha uma cara alegre, sorria para ele todos os dias. A coitada já estava até meio mofada. Mas, não se importava com isso.
Ao olhá-la recebia a injeção de ânimo para enfrentar mais um dia de sol escaldante e uma lua minguante. Assim, como minguada era sua vontade de viver.
O seu sorriso de bolachinha o alimentava. Ainda que a fome estivesse ali, presente, circulando no seu estômago como uma bola que quica cada vez mais, sem parar.
Cheirava cola e via esferas e luzes e brilhos. Um arco-íris.
Quem sabe um dia o atravessasse e encontrasse do outro lado um pote com moedas de ouro reluzentes. E um duende pegasse em sua mão e se pusessem os dois a valsar.
O mundo, certamente, seria melhor ali.
E quando chegasse esse dia não iria mais voltar.
Dali, do seu canto, enxergava o mundo: um aquário no qual observava as feras que se digladiavam por conta de comida.
Debaixo de um viaduto qualquer guardava objetos que lhe eram caros.
O seu preferido? A última bolacha do pacote (aquelas com as carinhas sorridentes). A única que havia sobrado. Gostava dela, era sua amiga predileta. Tinha uma cara alegre, sorria para ele todos os dias. A coitada já estava até meio mofada. Mas, não se importava com isso.
Ao olhá-la recebia a injeção de ânimo para enfrentar mais um dia de sol escaldante e uma lua minguante. Assim, como minguada era sua vontade de viver.
O seu sorriso de bolachinha o alimentava. Ainda que a fome estivesse ali, presente, circulando no seu estômago como uma bola que quica cada vez mais, sem parar.
Cheirava cola e via esferas e luzes e brilhos. Um arco-íris.
Quem sabe um dia o atravessasse e encontrasse do outro lado um pote com moedas de ouro reluzentes. E um duende pegasse em sua mão e se pusessem os dois a valsar.
O mundo, certamente, seria melhor ali.
E quando chegasse esse dia não iria mais voltar.
Por Rê Lima
Vejo aqui muito da nossa dinâmica.
Foi realmente produtivo!
Muito bom, Rê!
Parabéns (pelo texto e pela dinâmica)
Achei o texto pura imagem. O retrato do círculo vicioso da miséria. Você se divertiu muito fazendo isso aí. È essa a impressão passada. Bom trabalho!!!!
Beijocas
a história em si, talvez não seja tão importante aqui (visto que quase não há uma história propriamente dita). mas a imagem foi de uma poética interessante. o sorriso da bolacha deixou um sorriso aqui.
Rê,
Novamente parabéns pela dinâmica, esta rendeu excelentes frutos. Estou apaixonada pelo desenvolvimento dos textos.
Seu texto, como o da Medéia parece um curta metragem. Excelente!! Hoje ao vir para o trabalho vi um Senhor com seu cachorrinho embaixo da ponte e imediatamente me lembrei do rostinho da bolacha sorridente...
Parabéns!! Excelente!
Bjs
Os antônimos se encontram.
O sorriso sem motivo da bolachinha com o retrato da miséria humana.
Muito poético.
Parabéns!