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  1. Há muitos anos que estou aqui.
    Milhares de anos para ser mais exata.
    Depois dos primeiros cem anos
    nada mais me surpreende, nada mais é novidade.

    Ainda recordo a minha infância humana,
    de correr na rua, de brincar e tomar banho de rio.
    Lembro da doce e tumultuada adolescência,
    com hormônios em ebulição e beijos roubados.

    E da noite escura em que fui mordida,
    jovem ainda, com toda vida para viver.
    Então eu ganhei o mundo,
    força, poder, beleza e vida eterna.

    Mas eu perdi o sabor do dia,
    Do sol, do verão escaldante, da primavera florida.
    O que não daria para renascer,
    para sentir o calor na minha pele,
    o vento morno em meus cabelos.

    E hoje, depois de tudo,
    sei que é o momento de terminar.
    Terminar com o tédio para voltar a ter o sol em mim,
    apenas instantes antes de tudo acabar,
    em meio ao calor da pele queimando.

  2. 4 comentários:

    1. Vivi disse...

      Destruir um mundo, para renascer...profundo, Medéia. Gostei bastante desse seu "bloqueio criativo"...hehehe

      Beijocas
      Vivi

    2. Anônimo disse...

      Bloquei criativo???
      Jura?
      Eu adorei seus versos, super profundos, quem me dera eu ter bloqueios criativos assim!
      Parabéns Medéia!!!
      Bjãooo!
      Ly

    3. Cris disse...

      Queridaça,

      Bloqueio?? Whaaaaaat??

      Lembrei-me do livro Prazeres Malditos (Laurell K. Hamilton). Personagem forte e tão conflitante quanto seus versos.

      Parabéns!!

      Bjs

    4. disse...

      "Ter o sol em mim"...
      Que atmosfera conflituosa. Trevas x Luz. A dualidade sempre presente.
      Parabéns pelo texto.

      Abs, Rê